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Vida além do convênio: alternativas nas palavras de quem empreende

Empreendedorismo. Esse foi o tom da palestra “Existe vida além de um convênio médico?”. Nela, quatro médicos de especialidades distintas discorreram sobre suas experiências ao entrar no mundo do empreendedorismo – algo que, em uníssono, todos enxergam como uma falha no currículo básico do profissional de medicina.O psiquiatra Luiz Fernando Pedroso abriu a mesa relatando sua experiência como empreendedor médico. Estimulado pelas imperfeições encontradas tanto no SUS, quanto nos convênios médicos, ele decidiu concentrar seus esforços no atendimento particular, em seu consultório – até perceber uma nova demanda.

“Os pacientes careciam de leitos em hospitais num momento em que o SUS fechava as portas e os convênios estavam sucateados. Decidi criar uma clínica particular que acabou dando certo. Hoje atuamos com dupla porta: nosso atendimento é 50% composto pela clientela privada e o restante por pacientes oriundos dos planos de saúde”, explicou.

Na sequência, o cardiologista Roberto Vieira Botelho revelou um projeto multiplex cujo conceito é “um shopping de saúde”, onde pacientes podem usufruir de todas as especialidades. A ideia, segundo ele, é baseada em plataformas que mudaram a vida das pessoas, como Uber e AirBnb.

“A base do empreendedorismo é a autoridade formal e isso nós, médicos, temos. Previsões apontam para a desmaterialização dos hospitais e seus leitos, abrindo possibilidades a medida que o usuário busca por qualidade”, salientou, expondo quatro projetos desenvolvidos com o uso de tecnologias sem o aporte ou participação de planos de saúde.

Mais jovem palestrante do painel, o cirurgião Vinicius Nastrini disse ter tentado se cooperar aos planos de saúde, mas sem sucesso. Uma situação que, segundo ele, é comum aos médicos recém-formados, que esperam sair da universidade e arrumar um emprego fixo dentro de um hospital.

“Decidi tentar investir num consultório próprio, particular, mas o custo médio do investimento é de R$ 50 mil”, relatou. “Com esse problema em mente desenvolvemos a Sinaxys, plataforma que disponibiliza horários ociosos de consultórios aos moldes do que faz o AirBnb com imóveis”.

Por fim, o ortopedista Marcelo Britto expôs aos presentes uma alternativa ao modelo utilizado pelos convênios médicos no Brasil, que de acordo com ele funciona de maneira a que um lado sempre saia perdendo. “O usuário paga a operadora e, a cada R$ 1 pago para o médico, a operadora perde R$ 1 – para um ganhar o outro precisa perder”, criticou.

Mirando no fim da terceirização do cliente, ele propõe a adoção de um modelo prático do “captation reverso”, que em poucas palavras resume-se aos médicos contratarem as operadoras e definirem os preços de venda de seus serviços. “É um assunto denso e difícil de explicar em poucos minutos, mas no fim o pagamento feito pelo cliente cai direto na conta do profissional médico – sem operadora e sem hospital”.

A ExpoClínicas 2018 acontece no WTC São Paulo, em São Paulo, nos dias 14 e 15/09. Acompanhe a cobertura da TV Doutor.