“Anos mais tarde decidi colocar conteúdo para informar estudantes que, como eu, estariam buscando informações sobre neurocirurgia. Mas nunca pensei em monetizar o blog”, relatou Julio, que começou as postagens em 2009 e aos poucos avançou para outras redes sociais, como YouTube e Instagram.
Como escrevia em inglês, logo começou a ser procurado por médicos do exterior – além de ser chamado para falar em veículos da mídia tradicional brasileira como referência. Defensor da liberdade de informação e do livre compartilhamento, ele segue produzindo conteúdo até hoje e colhendo os frutos por sua postura.
Após ouvir essa experiência bem-sucedida, os presentes receberam dez dicas importantes para médicos nas redes sociais com a dermatologista Tatiana Gabbi. Criadora do blog Dermatologia e Saúde, ela faz questão de manter-se antenada sobre todas as regras e tendências do setor médico no universo online.
“Médicos entram nas redes sociais com o objetivo de atrair pacientes para os seus consultórios. Mas é importante se atentar a algumas regras para fazer isso da forma correta”, alertou a especialista.
Entre as dicas citadas por Tatiana destacam-se um bom plano de marketing, que envolve periodicidade nas postagens, saber se posicionar e ter um website que transmita confiança. “Dentro das redes sociais menos é mais. É lá que os pacientes vão buscar dados para ver se existe identificação com o médico. Por isso, não coloque opiniões polêmicas”, aconselha.
Outro ponto importante citado pela dermatologista foi se inteirar sobre as regras da Codame (Comissão de Divulgação de Assuntos Médicos). Entre as muitas apresentadas na palestra estavam não poder insinuar e prometer resultados e não citar especialidades que não existam.
“Consultas não podem ser feitas pelas redes sociais com pacientes novos. Já com os antigos, é permitido tirar dúvidas simples”, comentou ela, insistindo na produção de conteúdo original para não perder a credibilidade nas redes sociais.
Por último, Sidney Volk, pediatra e fundador do PortalPed, grupo de pediatras que compartilham conhecimentos sobre a profissão, bancou o advogado do diabo dentro da relação médico-médico nas redes sociais. Entre as principais preocupações citadas está a do sigilo em conversas de grupos em aplicativos como o WhatsApp.
“Ao discutir um caso nas redes sociais é preciso se certificar que todos os envolvidos sejam médicos. Seja citando um procedimento ou compartilhando uma foto. O paciente não pode ficar exposto”, avaliou.
Além disso, o pediatra deixou no ar questões pertinentes sobre o uso cada vez maior da internet nas relações de saúde, atentando as possíveis falhas feitas em avaliações não presenciais, como quando um médico pede a opinião de um colega por uma call, ou o simples distanciamento das relações humanas.
“As redes sociais são ótimas ferramentas para trocas de experiências entre profissionais de saúde, ensino à distância, trocas de plantões… Mas é preciso atentar para os possíveis problemas que podem ser gerados”, advertiu ao fim da mesa redonda.