Os desafios, implementação e primeiros resultados da experiência nacional baseada na metodologia de desfechos clínicos da ICHOM (sigla em inglês para Consórcio Internacional de Medição de Resultados de Saúde), organizada pela ANAHP (Associação Nacional de Hospitais Privados) em parceria com diversas instituições, foi tema do talk show realizado hoje durante a Hospitalar 2019.
Moderado por Marcia Makdisse, gerente médica do Escritório de Valor do Hospital Israelita Albert Einstein, a mesa começou com a fala da gerente de Desfechos Clínicos do Hospital Sírio-Libanês, Carla Ledo.
Em atividade desde 2017, a nova área já contabiliza 4.700 pacientes inqueridos pelo questionários baseados nos standart sets da metodologia ICHOM. “Um dos desafios é fazer com que o corpo clínico entenda o conceito e a importância em acompanhar o desfecho clínico do paciente”, afirma.
Para tanto, é preciso que o médico inclua o paciente no processo e que o mesmo aceite ser inserido na monitoração da pós-alta. “Iniciamos o projeto avaliando insuficiência cardíaca e hoje contamos com catorze modalidades”, completa.
No caso do Hospital Alemão Oswaldo Cruz, a implementação da ICHOM teve início com pacientes de cirurgia bariátrica. A vantagem, de acordo com Paola Andreoli, gerente de Qualidade, Segurança do Paciente e Desfechos Clínicos da instituição, é que no geral eles são mais esclarecidos e preparados por conta do pré-operatório.
“Sensibilizamos os pacientes e mostramos, com auxílio do corpo clínico, como a inclusão de suas perspectivas na pós-alta agrega para a sua saúde”, explica ela, salientando a importância de saber incorporar essas informações para dentro do hospital.
A questão é reiterada por Sabrina Bernardez, coordenadora médica de Protocolos Gerenciados e Escritório de Valor do Hospital do Coração (HCor), que hoje conta com aproximadamente 1 mil pacientes avaliados no desfecho clínico.
“Não adiante apenas imputar dados. É preciso saber analisá-los e com isso implementar melhorias”, disse, ressaltando o quão válida tem sido a experiência proporcionada pela ANAHP. “A troca de informações entre os hospitais envolvidos tem alavancado o projeto”.
Um dos integrantes da comitiva que visitou a Holanda, em 2017, para conhecer alguns fundadores da ICHON, Felipe Salvador, diretor médico do Hospital Mater Dei, atribui à parceria uma das vantagens do gripo formado pela ANAHP.
“Como agrega dados de diversos países que compartilham seus standarts sets, a ICHON nos auxilia a adaptar os questionários à realidade brasileira”, revela, citando a Índia como referência por conta de questões semelhantes.
Já Daissy Liliana, pesquisadora do Núcleo de Pesquisa em Neurologia no Hospital Moinhos de Vento, enxerga o cuidado centrado no paciente como o grande desafio para a cultura médica de pesquisa.
Ao fim, Marcia Makdisse, do Hospital Israelita Albert Einstein, disse que aceitar integrar o projeto da ANAHP foi um acerto da instituição. “Queremos colaborar para ver resultados a nível nacional. Por isso, comunicamos ao nosso corpo clínico que todos os pacientes terão coleta de desfecho. Não é uma questão de caneta, mas uma decisão estratégica institucional”.
A TV Doutor está presente na Hospitalar 2019, que acontece entre 21 e 24 de maio no Expo Center Norte, em São Paulo.